Autor(es): Grazia Deledda
Sinopse: Considerado pelo importante crítico literário italiano Attilio Momigliano “(…) o livro de mais alta densidade moral escrito na Itália depois de Os noivos (I Promessi Sposi)”, Elias Portolu pode ser considerado um dos mais importantes romances de Grazia Deledda. A afirmação do crítico pode soar enigmática ao leitor contemporâneo, mas ela é uma prova da importância de Deledda como escritora, uma vez que o crítico compara o seu livro com o de Alessandro Manzoni, fundador do romance moderno italiano. A “densidade moral” à qual se refere Momigliano pode estar relacionada ao fato de que I Promessi Sposi foi o primeiro romance italiano que teve a sua força embasada na ação e na ética de personagens pobres, que estavam à margem da sociedade de seu tempo e, é precisamente na narrativa da uma história que envolve personagens populares que reside uma das principais forças deste romance de Grazia Deledda. Publicado em 1903 em Milão, Elias Portolu representou, de diversas formas, um marco na carreira de Grazia Deledda. Podemos falar, pelo menos, de dois principais marcos: a questão temática e a questão da maturação da grande escritora. No que tange à questão temática, o livro trata da relação entre cunhados. Algo que à época era considerado incesto. Elias Portolu se apaixona perdidamente pela mulher de seu irmão. Depois de ter consumado o seu desejo, os personagens centrais têm de lidar com as consequências de seus atos é a aqui que o romance ganha densidade. Descrevendo uma paisagem ainda extremamente influenciada pela força do cristianismo católico, Deledda mostra como almas humanas entram em conflito entre aquilo que desejam e o que deles exige o mundo social. A atmosfera do romance é construída a partir de uma mítica Sardenha, de onde Deledda tira as raízes de sua escrita. Em Elias Portolu a paisagem descrita adquire uma conotação primitiva e mágica. E não será a primeira vez que Deledda fará da natureza um de seus principais personagens. Como em outros romances de Deledda, a natureza possui uma força tal que traça sem precedentes os caminhos dos seres humanos e parece conduzir as suas escolhas.