Autor(es): Michel Foucault
Sinopse: O presente artigo contempla conceitos do filósofo Paul Ricoeur e do professor Augusto Novaski, em suas investigações de Freud, Marx e Nietzsche, integrantes da escola hermenêutica da suspeita, a qual admitia ser mendaz toda primeira consciência. Tece-se um leque de problematizações de ordem da psicanálise que referenciam teorias da psicologia e da filosofia, tais que vislumbrem possíveis implicações éticas, mas necessárias à sobrevivência do sujeito mendaz em seu meio social. O objetivo consiste no entendimento de que, a ter que enfrentar fatos ameaçadores de sua estabilidade, as ações do sujeito em sua vida psicológica e social sejam conduzidas por uma engenhosa e criativa capacidade de enganar até a si próprio. Da consciência operacional à capacidade e habilidade para o engano de si mesmo, neste sujeito, existe um pequeno passo no qual o pré-consciente age como um filtro, para persuadir a parte consciente da mente a concordar com uma determinada ação, expressa e recomendada pela mente. À digressão provocada por este estranhamento, Ricoeur intentou superar ao acenar na análise psicológica para a relevância do sentido, sem perder de vistas a investigação factual, quando recomendou ao analista adentrar ao mundo singular do sujeito-homem, não apenas no perscrutar o que ele é, mas no modo como se reconhece e se mostra ante o seu mundo social, no como se define em sua relação dialética onde é visto sempre como um sujeito em situação, entre meio um mundo posto. A esta resistência pela verdade, Ricoeur denominou “dependência funcional” do sujeito e, a ela recomendou a metapsicologia para estabelecer um procedimento de investigação objetivo, voltado à prospecção de significações ocultas, no entanto reencontráveis mediante fatos reais.